Povos livres das savanas africanas
No Brasil sentiram o horror do cativeiro
Na imundície de um navio negreiro
Começa a saga de uma brava raça humana
O seu martírio na viagem iniciava
Amontoados quase nunca se entendiam
Porque de tribos diversas eles descendiam
Só a "maldição" da cor os aproximavam
Na atmosfera sufocante dos porões
Desesperados tentam poder respirar
Bocas rachadas buscando água encontrar
Quando lá fora a chuva caía aos cordões
Muitos lançavan-se ao mar em desespero
O mal do banto e do escobuto a lhes ceifar
A própria língua usavam pra se sufocar
Vendo na morte o recurso derradeiro
No pelourinho acaba a dignidade
Logo virando objeto de transação
Na face mostra sofrer e humilhação
De um semelhante passa a ser propriedade
Na senzala sente o poder do chicote
A cafua, a palmatória e os grilhões
O tronco, a máscara, os açoites nas prisões
O trabalho forçado é a sua sorte
Pra ser livre lá no Paraguai lutou
Mas da guerra só voltaram mutilados
Seus senhores com comendas agraciados
E para os negros esmolar é o que restou
Defendeu a independência da Nação
Regou com sangue o progresso do Brasil
O país que hoje temos construiu
De um povo livre numa terra de irmãos
Não se curvou à instituição do cativeiro
Fugas em massa pros quilombos organizou
Aonde livres sem sem preconceitos sonhou
Junto a Zumbi seu líder mais verdadeiro
A restrição à liberdade é violência
O cativeiro é um crime de covardes
Mas Nabuco, Patrocínio e Castro Alves
Gritaram vivas ao ser livre e à decência
A liberdade não pode ser privilégio
Da raça "branca" , rançosa e desumana
É aspiração de toda condição humana
A escravidão foi um abuso, um sacrilégio.
Marlene Souza
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