sexta-feira, 15 de agosto de 2014

EU E O MAR

Andar descalça pela praia de manhã
Sentir o cheiro do mar invadir minha alma
Salvar estrelas do mar na areia quente
Olhar estrelas do céu refletidas n'água

Olhar a lua cheia despontar no mar
Caminhar lenta na areia,  desleixada
Mergulhar manso na onda em forma de espuma
Com intimidade na água morna e salgada

Admirar o vôo suave das gaivotas
Ver minha pele pelo sol ficar dourada
Sentir nos lábios o gosto que tem o mar
Deitar na areia e relaxar extasiada

Acompanhar a fuga fácil do siri
Que rapidinho some dentro da areia
Indiferente à força que tem o mar
Que arrasta tudo na força da maré cheia

Fazer rabiscos quando a onda vai embora
Ver os desenhos pelas ondas apagados
Ouvir o som do barulho que faz o mar
Me sentir parte deste universo sagrado

Olhar com os olhos nos limites do infinito
Ver o momento em que o mar encontra o céu
Olhar com o espírito muito além do que se vê
Lavar a alma com a vida solta ao léu

Marlene Souza

domingo, 10 de agosto de 2014

PAI

Pai eu preciso do teu ombro acolhedor
Da tua mão que me guia para o bem
Do teu sorriso que me faz ter confiança
Do teu olhar de onde tanto amor provém

Pai eu preciso do teu colo pra dormir
Do teu afago carinhoso nos cabelos
Desse teu jeito que gosto de imitar
Da tua voz e de ouvir os teus conselho

Pai eu preciso de ouvir-te dizer:te amo
Brincar contigo e jogar conversa fora
Pai eu preciso da tua presença aqui
Do teu tempinho rouba pra mim uma hora

Pai eu preciso que me ensines ser do bem
Nunca permitas qeu eu um dia encontre os vícios
Mostra pra mim o que é essencial
Traz-me o amor, me afasta dos precipícios

Pai eu preciso ver que andas reto e firme
Pra que amanhã eu seja igualzinho a você
A lei da vida quero que você me ensine
Mesmo que eu dê trabalho, não desanimes
O que plantar em mim um dia vais colher

Marlene Souza

sexta-feira, 25 de julho de 2014

CASA DE VÓ

Dizem que  netos são os filhos com açúcar
E os avós, pais açucarados são
Que vida de avós e netos é um doce
A mais perfeita mistura de gerações
E quem afirma que avós estragam netos
certamente não viveu essa emoção

Netos ensinam a quem já passou da idade
Brincar no parque e comer algodão doce
Correr na rua e andar de bicicleta
Montar joguinhos como se criança fosse
Ser cientista em experiências diversas
Brincar de bola e de estátua fazer pose

Pai duas vezes, o avô bate no peito
Bagunça de neto pra ele é arrumação
O pai educa, o avô bota defeito
Abusando do direito que lhes dão
E se ao filho amou com devotamento
Ao netinho ama com toda paixão

A vó reclama do cansaço e da bagunça
Quer descansar em silêncio absoluto
Mas se um dia o neto falta em sua casa
Ela entristece como quem está de luto
Reclama e ama com a mesma intensidade
Aí o neto se aproveita,  bem astuto

Casa de vó, é casa onde tudo pode
As paredes viram quadro de escrever
As cadeiras viram carro e caminhão
As almofadas viram casa de esconder
Pulam na cama e sobem no sofá da sala
E a vó coruja, vendo, finge que não vê

Amor ao neto é sem limites, sem fronteiras
E toda vó diz que seu neto é o mais perito
O mais sabido,  o mais esperto e especial
Amor de avó é sem tamanho e irrestrito
E quem duvida do que diz esse poema
Prove a uma vó que existe um neto mais bonito.

Marlene Souza




terça-feira, 15 de julho de 2014

A VIDA NÃO TEM BIS

Hoje a saudade chega forte e me oprime
Sem perceber outra vez falo o teu nome
Eu me pergunto onde está meu doce amor
E o que fazer com essa dor que me consome

Tantas lembranças me traz o céu estrelado
Onde cintila o brilho dos olhos teus
Iluminado meus passos que te procuram
Mas teu caminho há tempos não é o meu

Meu coração cheio de pranto fica mudo
Sufoco o grito que está preso na garganta
A minha angústia disfarço, quero escondê-la
Ao mundo mostro uma alma triste que canta

Quanta Saudade do que passou tão depressa
Mas que deixou invisíveis cicatrizes
Num adeus sofrido, sem razão nos separamos
Não nos deixamos permitir sermos felizes

E hoje vemos que a vida não tem bis
Sofremos nós mas restou um terno amor
Se nos olharmos não precisamos falar
Juras eternas, promessas,  basta calar
Pra reviver o sentimento que ficou

Marlene Souza

sexta-feira, 27 de junho de 2014

CAMINHOS DA MINHA INFÂNCIA

Caminhos da minha infância aonde andei
Correndo livre como o vento em desatino
Estais tão longe te apequenas na memória
Tu és igual,  mas mudou tanto o meu destino

Representavas a avenida da minha vida
Onde passavam meus sonhos a desfilar
Te achava largo, como a imensidão do céu
Hoje és vereda onde mal posso passar

E tanto tempo se passou e eu voltei
Tão diferente te encontrei do que lembrava
A porteira que eu via pesada e grande
Virou cancela, meu lar já não mais estava

A casa de meu vô em frente à minha
Era tão longe,  de uma pra outra eu corria
Verifiquei que em apenas alguns metros
Distanciava do chalé onde eu vivia

Não encontrei primas, amigas que brincava
Com as pedrinhas, no jogo: Escravos de Jó
De pula-corda, petecas de palha de milho
De Amarelinha, equilibradas num pé só

E no açude tão grande igualzinho ao mar
Só tinha um poço, tão pequeno,  sem tamanho
Veio à lembrança do medo que eu sentia
De afogar-me quando ia tomar banho

O umbuzeiro imenso, tocando o céu
Onde eu subia pra brincar com meus irmãos
Virou apenas um arbusto maiorzinho
Molhei meus olhos de saudades,  de carinho
Prefiro vê-los como está no coração.

Marlene Souza


E.....

E eu andei pelas campinas verdejantes
E colhi flores campestres pra te ofertar
Flores daquelas que enfeitaram nossa infância
E elas brotaram bem longe, juntinho ao mar

E eu montei com carinho um vaso lindo
E era como se tu estivesse ali
Só que durou tão pouco, elas murcharam
Pois como eu, sentiram Saudades de ti

E eu lembrei quando um dia perguntei-te
Diz-me uma coisa que faça lembrar você
Tu me dissestes num sorriso tão sereno
A praia: lembres de mim quando a ver

E eu me volto para o mar e vejo a praia
Com suas ondas prateadas pela lua
E vejo nelas os teus olhos me fitando
Lágrimas teimosas banham minha face nua

E eu me pergunto : como estais? Onde te encontras?
Que dimensão vives agora a habitar?
Mas sei que a vida ainda juntará nós dois
Num novo dia  que virá para nós dois
Doce ventura de um outro reencontrar.

Marlene Souza








NOSSAS LÁGRIMAS

Quantas lágrimas já rolaram no meu rosto
Depois que a vida achou de nos separar
Sequei meu pranto no amigo travesseiro
Tu estavas livre para viver e amar

Eu procurava esvaziar meus pensamentos
Tentei deixar meu coração livre de ti
Mas tu vivias caminhando nos meus sonhos
Reacendendo a dor de te ver partir

Segui em frente e juntei os meus pedaços
Troquei teus olhos pelo olhar azul do mar
Me permiti acreditar que tudo passa
Deixei o sol me aquecer, me iluminar

Aquela dor somente a mim me pertencia
Da tua vida ela não participava
Todo esse tempo não pensei que igual a mim
Por mim sofrias porque também me amavas

O sofrimento que eu sofri apequenou-se
Ao ver em ti lágrimas de dor se derramando
Secar teus olhos doeu mais que a minha dor
A vida finda sem juntar mais nosso amor
Estais sofrendo e novamente estou chorando.

Marlene Souza